Uma situação de vulnerabilidade levada ao extremo, faz-nos sentir desprovidos de tudo o que pensamos ter como adquirido e são nestes momentos que nos apercebemos que nada nos pertence.
O corredor é frio e cinzento. Olho em redor. A senhora do roupão cor-de-rosa chora em surdina, à sua direita, numa maca, um rapaz permanece deitado à espera do infinito. À minha esquerda sinto um olhar distante e vazio. Este pequeno espaço reúne um sentimento que é comum, apesar da nossa suposta diferença. Encontro um olhar triste e desolado em cada um deles e uma expressão infeliz. Eu tento escrever para me abstrair desta realidade.
À entrada deparei-me com várias macas que quase não me deixavam passar. É difícil deparar-me com esta realidade, como que uma exposição de velhos vulneráveis, abandonados, ao acaso do destino, de corpos que lutam contra a morte.
A senhora de roupão cor-de-rosa volta a chorar quando a enfermeira chama o seu nome. Todos olham para ela.
Quero sair daqui e sentir de novo o calor do sol e o cheiro a Primavera.
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