sábado, junho 30, 2007

Route 66 / Estrada 66

Mais um autor que relata as aventuras da Route 66, desta vez John Steinbeck em As Vinhas da Ira. (livro publicado em 1939):


" A estrada 66 é a rota principal das populações em êxodo. A estrada 66 - a longa faixa de cimento que corta as terras, ondulando para cima e para baixo, no mapa, de Mississipi a Bakersfield - atravessa as terras vermelhas e as terras pardas, galga as elevações, cruza as Montanhas Rochosas, penetra no luminoso e terrificante deserto e, cruzando este, torna a entrar nas regiões montanhosas até alcançar os férteis vales da Califórnia.
A 66 é o caminho de um povo em fuga, a estrada dos refugiados das terras da poeira e do pavor, do trovejar dos tractores, dos proprietários assustados com a invasão lenta do deserto pelas bandas do norte e com os ventos que vêm ululando aos remoinhos do lado do Texas, com as inundações que não traziam benefícios às terras e ainda acabavam com o pouco de bom que ainda possuíam. De tudo isso os homens fugiam e encontravam-se na estrada 66, vindos dos caminhos tributários e das estradas sulcadas de calhas e de marcas fundas de rodas, que cortavam todo o interior. A 66 é a estrada-mãe, a estrada do êxodo. "

quinta-feira, junho 28, 2007

E assim passa mais um dia...



A noite finaliza da mesma forma que a tarde inicia. Talvez um pouco mais nostálgica...

segunda-feira, junho 25, 2007

Crónica do Pássaro de Corda










Toru Okada, eu procurava-te diariamente pois também me sentia um pouco perdida. Identifiquei-me contigo e, talvez por isso me sentisse tão perto de ti. Parecia que a nossa distância, apesar das vivências e mundos tão dissemelhantes, não tinham qualquer importância naquela altura pois, bem sei que a ambos pertenciam o mesmo tipo de problemas e que suscitavam os mesmos sentimentos.

Também eu saí de casa em busca do que não tinha, também eu falei com estranhos e acreditei neles pois, pensei que me traziam o meu futuro. Também eu me iludi e desiludi com a vida e deixei de conseguir distinguir entre o real e o ilusório.

E os meus Pássaros de Corda também me vinham visitar todas as manhãs…


sexta-feira, junho 22, 2007

Sexta-feira à noite


"Sexta-feira à noite
os homens acariciam o clitóris das esposas
com dedos molhados de saliva.
O mesmo gesto com que todos os dias
contam dinheiro papéis documentos
e folheiam nas revistas
a vida dos seus ídolos.

Sexta-feira à noite
os homens penetram suas esposas
com tédio e pênis.
O mesmo tédio com que todos os dias
enfiam o carro na garagem
o dedo no nariz
e metem a mão no bolso
para coçar o saco.

Sexta-feira à noite
os homens ressonam de borco
enquanto as mulheres no escuro
encaram seu destino
e sonham com o príncipe encantado."

Marina Colasanti

sábado, junho 16, 2007

with you


"With you I felt love
With you I felt the pain
With you I was me
And a bit of you too

Inhaling and being inhaled
In an all or nothing situation

If I tried to say no
My heart said yes
If I tried to disguise it in my voice
My eyes gave me away

And so we became one
In a mad love of so no limits

Had to let"
My love go
To let it go



...recordando os sons do final da minha adolescência, magicamente ritmados e sonoramente doces, os quais têm perdurado ao longo dos anos e que ainda me conseguem deixar em êxtase...

quinta-feira, junho 07, 2007

A culpa



Lembro-me em tempos, ainda em Lisboa e num dos dias do ano em que o sol pouco ou nada aquece, quando os meus dias pareciam demasiadamente longos e as noites friamente curtas, sentir-me culpada por algo que parecia não querer abandonar os meus pensamentos.
Recordo que corri para ele ou talvez não, mas é assim que o evoco. Eu sabia que, eventualmente e mais cedo ou mais tarde, acabaria por desabafar o assunto com ele. Sentei-me cabisbaixa e com o decorrer da conversa fui confessando o sucedido. Ele escutava-me atenciosamente. Por fim, após este desabafo, que não teimava em abandonar os meus pensamentos e pelo qual eu me sentia infinitamente culpada, esperei o seu juízo final e pelas suas palavras recriminatórias.
Ele nada disse. Eu perguntei se ele não iria criticar as minhas acções. Ele respondeu que não, porque não era a entidade divina e errar era humano. Depois, olhou para mim e concluiu que a culpa que eu carregava sobre mim já era mais que suficiente e que seria cruel ele ser mais um a sufocar-me.


sábado, junho 02, 2007

wasting time


"i dont pretend to know what you know
now please dont pretend to know whats on my mind
if we already knew everything that everybody knows
we would have nothing to learn tonight
and we would have nothing to show tonight

but everybody thinks that everybody knows
about everybody else but nobody knows
anything about themselves,
because theyre all worried about everybody else"

Jack Johnson