sexta-feira, fevereiro 24, 2006

Destino


A noite foi estranha, mais uma vez, esquivos fragmentos fizeram-me despertar.

Encontrei-te, esta noite, na imensidão do meu silêncio. Disseste-me que ias partir em breve. Fiquei muda e não verti uma lágrima. Não tive capacidade de identificar os meus sentimentos naquele momento. Então, fiz questão que vocês se conhecessem. Ela estava fabulosa como sempre…

Mais tarde brindámos à minha partida mas não consegui ouvir o meu destino. Seria o teu?

domingo, fevereiro 19, 2006

Se tanto me dói que as coisas passem


Se tanto me dói que as coisas passem
É porque cada instante em mim foi vivo
Na busca de um bem definitivo
Em que as coisas de Amor se eternizassem

Sophia de Mello Breyner Andresen

quarta-feira, fevereiro 15, 2006

Angústia


Há anos que não tinha descanso. Sonhava todas as noites. Acordava transpirada, com a pulsação a disparar e com alguma repulsa de si própria. Ainda assustada, olhava para ele e tentava aninhar-se no seu corpo em busca de algum conforto.
Durante todos estes anos nunca fora capaz de lhe contar os seus sonhos, tinha vergonha se si própria e tinha receio que os sentimentos dele mudassem. Assim, vivia sufocada pelos seus próprios medos.
Estes sentimentos afectavam-na de tal forma que aos poucos o seu olhar foi-se tornando frio e distante. Quando ele tentava encontra-lo, ela fugia, com se procurasse alguma coisa no infinito, no vazio da sua existência.
A angústia provocada pelos seus sonhos fazia com que cada vez se distanciasse da vida a dois, chegava tarde a casa, em busca que ele estivesse a dormir…
Certa noite, deixou de conseguir suportar a dor que sentia, estava sem forças para prosseguir. Saiu de casa e percorreu atormentadamente as ruas da cidade, precisava de se libertar dos seus próprios pensamentos que, no seu ponto de vista se prendiam irremediavelmente a sua própria traição. Descalça, aproximou-se e enfiou-se dentro daquela cama, daquele homem da rua, pensando ser assim a única forma de acabar e resolver o seu problema.

quarta-feira, fevereiro 08, 2006

(Des)encontrado... (II)





Este foi um dos livros que mais me marcou. Li-o num momento importante da minha vida, no qual me questionava até que ponto não perdemos a nossa identidade quando nos envolvemos emocionalmente e afectivamente com alguém.
Nessa altura olhei à minha volta e verifiquei o quanto algumas pessoas se haviam modificado.
Fiquei triste, a sua identidade estava perdida algures no seu interior...

Sinopse

"Chantal e Jean-Marc vivem juntos em Paris, e amam-se tanto que por vezes parecem confundir-se. Há situações em que, por um instante, nenhum dos dois se reconhece, em que a identidade do outro se dissolve e em que, por tabela, cada um duvida da sua própria identidade. Todo aquele que ama, todo aquele que faz parte de um casal, já alguma vez experimentou essa sensação, porque o que mais teme no mundo quem ama é "perder de vista" o ser amado. Pouco a pouco, é isso que acontece a Chantal e Jean-Marc. Mas em que instante, diante de que gesto, em que circunstância precisa começa esse processo aterrador? É nesse momento de pânico que Kundera agarra o leitor, obrigado a mergulhar no labirinto que o próprio casal percorre e a cruzar, como ele, a fronteira entre o real e o irreal, entre o que ocorre no mundo exterior e o que, solitariamente, elabora uma mente dominada pela insegurança. Como seguindo o fio de um início projecto de largo alcance, que parece iniciar-se com A Imortalidade, Kundera volta a abordar um tema essencial da nossa época, fazendo-o inesperadamente, desta vez, sob a forma de um romance de amor."

Espero um conselho relativamente a um livro que também tenha tido impacto positivo ou negativo...

(Des)encontrado...


Há um ano li um livro, pelo qual me apaixonei. Os meses que se seguiram foram preenchidos por um vazio que eu não conseguia suportar. Andei vários meses em busca do livro perfeito, mas não o conseguia encontrar. Percorri os livros das minhas prateleiras, lendo apenas as primeiras páginas e, seguidamente abandonava-os, colocando-os novamente na estante. Não estava no momento adequado para iniciar aqueles livros. A leitura de um determinado livro, faz mais sentido, quando vem ao encontro de um momento específico da nossa vida ou, então, quando vamos nós ao seu encontro…

Assim, todas aquelas personagens foram ficando pendentes… Algumas ainda se devem sentir angustiadas ou deprimidas pois o enredo da sua vida ainda não foi desenvolvido. Por vezes, durante a noite, oiço ruídos no fundo da prateleira e para as acalmar, digo em voz alta, “ainda não chegou o nosso momento”.

sábado, fevereiro 04, 2006

The night




"unknown the unlit world of old
you're the sounds I've never heard before
off the map where the wild things grow
another world outside my door
here I stand I'm all alone
driving down the pitch black road
Lilah you're my only home
and I can't make it on my own"

esta deixa sempre um rasto de saudade do pôr do sol e uma lágrima salgada

sexta-feira, fevereiro 03, 2006

Procura-se sonhador


De entre as minhas intermináveis e incansáveis buscas na biblioteca, agarrei um livro cujo título me suscitou alguma curiosidade. Tirei-o da prateleira e comecei a desfolha-lo.
Na última página encontrei uma folha com o registo de um sonho de alguém.
É invulgar ler o sonho de uma pessoa que não conheço mas com quem partilho o mesmo interesse, mesmo que isso diga respeito ao seu passado e que corresponda ao meu presente.

Aqui fica o registo, espero que o sonhador não se importe:


“Sonho dia 24.11.05

Olhei para a porta do quarto e estava arrombada, entre e vi que tinha sido assaltado… mas tudo estava remexido, desarrumado. Aproximei-me da janela e comecei a ver umas marcas no vido, de letras, frases “Nunca me entreguei a ninguém como a ti! Amo-te!”. O quarto não tinha sido assaltado, apenas remexido. Estava tudo fora do sítio. Em cima da cama havia um álbum cujo fundo era o filme “Os Pássaros” de Hitchcock.”