quarta-feira, junho 28, 2006

Santiago,

Passei as noites em claro, caminhando na praia junto ao mar, na esperança de ver o teu esquife e, naturalmente, de te voltar a encontrar…

sábado, junho 24, 2006

Botão Interno

Perante tal atrocidade, que te vai desgastando e corroendo interiormente, foi-te aconselhado que deverias ter a capacidade de descobrires o teu botão interno, com apenas dois sentidos, o de on e o de off. Confesso que deve ser difícil incorporar este conceito e passá-lo à prática especialmente com acontecimentos que, de uma forma ou de outra, te encontras mais ligada em termos afectivos e emocionais.

Assim, sentada naquela mesa redonda, olhavas-me com olhos contidos de uma expressão de vivências amargas e dolorosas e eu olhava para ti com sentimentos de inutilidade e incapacidade para te ajudar. Tu, progressivamente, tentavas ir ao encontro do cerne das tuas questões pessoais e eu seguia-te atenciosamente.

Disseste-me, então, que tinhas a capacidade de ligares o teu botão interno sempre que assim o desejavas, mas eu conseguia ver através da tua expressão que, mais uma vez, te estavas a iludir.

segunda-feira, junho 19, 2006


Temos amigos tão fiéis, que penetram nos nossos sonhos, sem darmos por isso e impedem um beijo doce de traição.

quarta-feira, junho 14, 2006

Abacamento


Estou triste... a minha semente de abacate não despertou, ficou adormecida de tal forma que eu vi-me obrigada a deixa-la partir...

segunda-feira, junho 12, 2006

Em todas as ruas te encontro


Em todas as ruas te encontro
Em todas as ruas te perco
conheço tão bem o teu corpo
sonhei tanto a tua figura
que é de olhos fechados que eu ando
a limitar a tua altura
e bebo a água e sorvo o ar
que te atravessou a cintura
tanto, tão perto, tão real
que o meu corpo se transfigura
e toca o seu próprio elemento
num corpo que já não é seu
num rio que desapareceu
onde um braço teu me procura

Em todas as ruas te encontro
Em todas as ruas te perco

Mário Cesariny

sexta-feira, junho 09, 2006

Congro


Porque é que me cortaram o cordão umbilical? Se era meu, se estava pregado em mim, se era através dele que eu vivia, que funcionam os meus órgãos vitais, porque não me pediram autorização se o podiam retirar?

Assim, quando perdi a minha carapaça e o congro se aproximou devagarinho, com palavras doces e gestos carinhosos, tive muito medo. Nesse instante senti a falta do meu cordão umbilical, que me protegia em todas as ocasiões, perante todos os perigos.

E agora, como sair desta situação? Porque é que aqueles que me cortaram o cordão umbilical não me deixaram um livro de instruções para momentos como este? Deixando-me, insensivelmente, numa situação destas…