quinta-feira, dezembro 15, 2005

anoitecer em Dezembro

...

eu: viajaram na minha solidão alguns pensamentos. Recordei-os a seguir, esbocei um sorriso mas, os mesmos fugiram de mim. Não os consegui voltar a relembrar durante essa semana, durante o restante mês. Talvez fosse do frio que se fazia sentir naquele mês ou, então da incapacidade da minha memória ou…

tu: talvez, quem sabe, de uma estranha amnésia não identificada pelos actuais médicos. Falei com uma amiga que me sugeriu que eu tinha uma doença da Alma. Aquilo fez-me sentido… Porra tinha logo de ser na Alma. Haverá cura? Como é que uma alma pode adoecer? A mesma amiga explicou-me que quando afastas o teu dia-a-dia da tua essência deixas a Alma vulnerável, por isso a cura talvez passe por aproximar o teu dia-a-dia da tua essência…

(gostava que me contasses o resto)

eu: talvez fosse esse o melhor caminho ou, pelo menos o mais sensato… No entanto, com o passar do tempo os meus dias ficavam cada vez mais distantes de mim própria. Era como percorrer um longo percurso sem sequer conseguir que os meus pés tocassem na calçada e, assim, não conseguia sentir a dureza e rugosidade das pedras. Esta distância parecia-me ser irreversível e condicionante dos meus dias…

J: Obrigado pela partilha e pela amizade, um beijo

quarta-feira, novembro 23, 2005

Expectativa


s. f.,
esperança baseada em supostos direitos, probabilidades ou promessas;
esperança;
probabilidade;
expectação.

domingo, novembro 20, 2005

Rotina


Passamos pelas coisas sem as ver,

gastos, como animais envelhecidos:
se alguém chama por nós não respondemos,
se alguém nos pede amor não estremecemos,
como frutos de sombra sem sabor,
vamos caindo ao chão, apodrecidos.

Eugénio de Andrade

sexta-feira, novembro 11, 2005

Rain on me


Chego a casa. Dispo-me. Atiro com a roupa para um canto. Não a suporto. Transporta as vivências de um dia que quero esquecer.
Depois, visto a “roupa dos sonhos” e, na melhor das hipóteses, dentro de algumas horas fecho os olhos dominados pelo cansaço da existência deste dia sem que mais nada me passe pela mente.
No entanto, pensar em ti parece ser mais forte que eu. Recordo, com saudade, no quanto foi bom estar contigo, sentir a tua essência e poder partilhar esta intensa vontade de partir. De nos metermos à chuva enquanto toda a gente procura abrigo para não ficar molhado. Mais tarde ouviremos “Quem anda à chuva molha-se” e, nessa altura, olharemos um para o outro de forma cúmplice e com um sorriso nos lábios.

domingo, novembro 06, 2005

Para ser grande, sê inteiro



Para ser grande, sê inteiro: nada
Teu exagera ou exclui.
Sê todo em cada coisa. Põe quanto és
No mínimo que fazes.
Assim em cada lago a lua toda
Brilha, porque alta vive

Ricardo Reis (Fernando Pessoa)

Ausência



Da tua janela vejo o rio Tejo. Navego no mesmo por escassos minutos e depois subo até ao céu coberto de estrelas. O meu corpo, lentamente, é adormecido pelas tuas mãos e a minha mente entra num estado de divagação pura e sublime. Depois, percorremos mares agitados com ondas revoltas e vales coloridos com doces aromas.
Dizes-me que o silêncio faz-me falta mas sinto que ainda não o descobri. Não consigo deixar que ele se apodere daquele momento, talvez por medo ou porque a chuva que cai lá fora não mo deixa ouvir.

domingo, outubro 23, 2005



"Em cada um de nós há um segredo, uma paisagem interior
com vales de silêncio e paraísos secretos"
(Saint-Exupéry)

segunda-feira, outubro 17, 2005

Existir!?


Existir, viver um dia depois do outro…?
Porque é que a vida não me faz sentido? Porque é que a repetição dos mesmos gestos, dos mesmos caminhos e das mesmas palavras caem tão facilmente na monotonia e me fazem sentir acorrentada a uma vida e a um destino que não desejo?
Hoje é mais um desses dias. Fiquei parada no trânsito rodeada pelos mesmos carros ao som da mesma melodia, cruzei-me com as mesmas caras transportando rostos tristonhos e desanimados em busca de dias melhores. Usei as mesmas palavras, tive os pensamentos habituais e convivi com os mesmos sentimentos, aqueles que lentamente, sem que dê por isso, se apoderam lentamente e nefastamente do meu ser…
Hoje é mais um desses dias, no qual as nuvens se encontram no céu e não me deixam ver o sol, em que eu precisava de ter coragem para fugir para longe e não olhar para trás mas, mais uma vez, fico subjugada à monotonia do meu dia, dos meus próprios gestos, palavras e sentimentos.

quinta-feira, outubro 13, 2005

Singularidades (parte III)

E quando o sol desaparece e apenas nos restam as nuvens?...

segunda-feira, outubro 10, 2005

No Meio do Caminho



No meio do caminho tinha uma pedra
tinha uma pedra no meio do caminho
tinha uma pedra
no meio do caminho tinha uma pedra.

Nunca me esquecerei desse acontecimento
na vida de minhas retinas tão fatigadas.
Nunca me esquecerei que no meio do caminho
tinha uma pedra
tinha uma pedra no meio do caminho
no meio do caminho tinha uma pedra.

poema de Carlos Drummond de Andrade

domingo, outubro 09, 2005

Strange ways, strange days...


Uma breve passagem por lugares estranhos… Palavras com sentido vão tornando-se vazias e esquecidas no meu pensamento …
No meu intimo tento encontrar um rumo para o eco que ressoa dentro de mim e me leva a percorrer um caminho vasto e perdido na própria imensidão… A razão e o momento para o mesmo acontecer não me parecem ser os mais oportunos…mas, apesar disso e, embora pareça uma contradição, faz-me todo o sentido… preenche-me interiormente….até que o sol se ponha, desta vez no mar…

quarta-feira, outubro 05, 2005

Hoje deixei de te amar...


Hoje deixei de te amar…sempre receei este dia e, no entanto, toda a minha vida o esperei. Há dias assim, que nos sentimos capazes de deixar de amar, e que gozamos do nosso arrependimento no minuto a seguir. Senti que, finalmente iria ter tempo para poder chegar a casa, desfrutar dos meus caprichos e dos meus sonhos sem ter que voltar à realidade, finalmente podia viver horas dentro da minha tela abstracta e ficar ali, deitada… toda nua a olhar para o vazio….

segunda-feira, outubro 03, 2005

Singularidades (parte II)

E quando o sol se esconde atrás da lua?...

sexta-feira, setembro 30, 2005

outonal do Lat. autumnale


Domingo… uma tarde outonal em Lisboa. O céu promete chuva, as folhas amarelas dos plátanos dançam alegremente ao som do vento e as gaivotas gritam incansavelmente adivinhando tempestade no mar. Dirijo-me, atraída pelo seu aroma, para banca do vendedor de castanhas mais próximo. A sua cara não me é estranha, talvez já me tenha cruzado com o mesmo em distinto propósito…Observo os passos apressados em faces tristonhas enquanto me delicio com as quentes e saborosas castanhas. Seguidamente decido abrir a folha que continha as mesmas, na tentativa de encontrar um número, fosse hoje o dia escolhido para encontrar o meu alento… Mas quando a abri encontrei, perdido entre tantos muitos, um número que era o meu…

terça-feira, setembro 27, 2005

morre lentamente...

Morre lentamente quem não viaja,
quem não lê,
quem não ouve música,
quem não encontra graça em si mesmo...

Morre lentamente
quem se transforma em escravo do hábito,
repetindo todos os dias os mesmos trajetos,
quem não muda de marca,
não se arrisca a vestir uma nova cor
ou não conversa com quem não conhece...

Morre lentamente quem evita uma paixão,
quem prefere o negro sobre o branco
e os pontos sobre os "is"
em detrimento de um redemoinho de emoções
justamente as que resgatam o brilho dos olhos,
sorrisos dos bocejos,
corações aos tropeços e sentimentos.

Morre lentamente
quem não vira a mesa
quando está infeliz com o seu trabalho,
quem não arrisca o certo pelo incerto
para ir atrás de um sonho,
quem não se permite pelo menos uma vez na vida
fugir dos conselhos sensatos.

Morre lentamente,
quem passa os dias queixando-se da sua má sorte
ou da chuva incessante.
Morre lentamente,
quem abandona um projecto antes de iniciá-lo,
não pergunta sobre um assunto que desconhece
ou não responde quando lhe indagam sobre algo que sabe.

Evitemos a morte em doses suaves,
recordando sempre que estar vivo exige
um esforço muito maior que o simples facto de respirar.
Somente a perseverança fará com que conquistemos
um estágio esplêndido de felicidade.

Pablo Neruda

domingo, setembro 25, 2005

Singularidades

E quando o sol não se põe no mar?...

sábado, setembro 24, 2005

Procura-se Liberdade!

Procura-se a liberdade para amar… Procura-se paz… Procura-se a liberdade de expressão…
Condeno todos aqueles que criticam o amor… talvez por medo de o experimentar, criticam os que amam…
Não será mais importante amar em vez de contestar quem se ama?

quarta-feira, setembro 21, 2005

O C4O5 em Nova Orleães

O caos instalou-se na cidade de Nova Orleães. E com ele surgiram as pilhagens, as agressões, os assaltos aos habitantes e as violações a mulheres e raparigas. Eu questiono-me se estas formas de agir são casos de sobrevivência ou seres humanos que regrediram ao seu estado natural?
Em que seres humanos nos tornamos?...

Não consigo deixar de estabelecer um paralelismo entre estes acontecimentos e o livro “Ensaio sobre a Cegueira” de José Saramago. Neste as pessoas são vítimas de uma epidemia e acabam por mostrar, tal como em Nova Orleães, a própria natureza humana perante uma catástrofe.

fotografia retirada de http://www.time.com/time/photoessays/katrinas_toll/6.html

quinta-feira, setembro 15, 2005

Essência...

Por vezes perco partes de mim… soltam-se com o vento, dissolvem-se com a chuva e, durante os dias mais quentes, são levadas pelas ondas do mar. Foi assim que perdi a minha essência… Perdi-a, num desses dias, sem que desse por isso… À noite não consegui adormecer, sentia um qualquer trago amargo na minha boca que não me deixava respirar…

Viagem a Marrocos


O silêncio e a tranquilidade do nascer do sol no deserto...