quinta-feira, junho 07, 2007

A culpa



Lembro-me em tempos, ainda em Lisboa e num dos dias do ano em que o sol pouco ou nada aquece, quando os meus dias pareciam demasiadamente longos e as noites friamente curtas, sentir-me culpada por algo que parecia não querer abandonar os meus pensamentos.
Recordo que corri para ele ou talvez não, mas é assim que o evoco. Eu sabia que, eventualmente e mais cedo ou mais tarde, acabaria por desabafar o assunto com ele. Sentei-me cabisbaixa e com o decorrer da conversa fui confessando o sucedido. Ele escutava-me atenciosamente. Por fim, após este desabafo, que não teimava em abandonar os meus pensamentos e pelo qual eu me sentia infinitamente culpada, esperei o seu juízo final e pelas suas palavras recriminatórias.
Ele nada disse. Eu perguntei se ele não iria criticar as minhas acções. Ele respondeu que não, porque não era a entidade divina e errar era humano. Depois, olhou para mim e concluiu que a culpa que eu carregava sobre mim já era mais que suficiente e que seria cruel ele ser mais um a sufocar-me.


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