domingo, maio 07, 2006

Inconformismo




Tinha passado alguns meses ao seu lado, talvez anos, o tempo para mim não era o mais importante. Partilhavamos quase tudo, as nossas ideias, os pensamentos mais íntimos, as nossas roupas, a almofada do sono e o nosso estado de tristesa e melancolia ou de alegria e satisfação.

Viviamos felizes ou eu achava que era o mais próximo desse conceito, pois nunca consegui compreender muito bem a concepção dessa palavra.

Mas, conforme os dias passavam, a rotina ia destruindo irremediavelmente a nossa indivisibilidade, ele tinha apanhado alguns dos meus vícios, os quais eu não conseguia suportar em mim própria e muito menos nele. Sim, essa era uma das minhas grandes fraquezas. Passámos a fazer e a gostar das mesmas coisas, sem nunca nenhum de nós evitar os hábitos criados.

Passados anos sem nos vermos resolvi telefonar-lhe. Passei pelo seu escritório, como combinado, mas em vez de ficar à porta do edifício à sua espera, decidi subir. Entrei no seu escritório e reparei que aquelas paredes estavam totalmente preenchidas com fotografias do nosso passado em comum.

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