segunda-feira, maio 21, 2007

A envolvência do teu mar


O aquário, o aquário, era exactamente aquele aquário, aquele que eu já me tinha afogado várias vezes e no qual, incognitamente e naquela dimensão estranha, acabava sempre por vir ao de cima, talvez morta. Espera – não, não, eu ainda conseguia respirar.
Respirar, era exactamente isso que eu precisava.
Respirar como da primeira vez que vim ao mundo, inspirar o ar e à minha volta e ainda na água, mas não foi sempre assim? A água que me envolveu e me deu o conforto que eu mais precisava. Hoje é tudo tão diferente! Eles deixam-me perder o folgo.
Naquele dia de Verão, eu sentia a água. Tu não te preocupavas, porque conhecias o teu infimamente profundo, e eu lá estava à espera de mais. Eu ouvia-as e sentia-as e tu vibravas com todas elas e juntas vivíamos aquela emoção, que nunca mais me pertenceu. Talvez aconteça quando a outra dimensão nos contemplar, ou talvez não. Serão os nossos pecados demasiado nefastos que não nos deixarão chegar ao fim do mundo?
No fundo, naquele que eu senti conhecer mas na realidade não conheci, contemplando tudo aquilo que perdi durante a tua e a minha ausência e, talvez seja isso que, no final, eu reconheça que me faltou. Abraço-te envolventemente e de forma carinhosa, respiro, sinto aquele cheio da tua brisa, aquela que me faz sentir saudades e sussurro ao teu ouvido, “sempre estive aqui, mesmo quanto tu não me conhecias”…


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