segunda-feira, outubro 17, 2005

Existir!?


Existir, viver um dia depois do outro…?
Porque é que a vida não me faz sentido? Porque é que a repetição dos mesmos gestos, dos mesmos caminhos e das mesmas palavras caem tão facilmente na monotonia e me fazem sentir acorrentada a uma vida e a um destino que não desejo?
Hoje é mais um desses dias. Fiquei parada no trânsito rodeada pelos mesmos carros ao som da mesma melodia, cruzei-me com as mesmas caras transportando rostos tristonhos e desanimados em busca de dias melhores. Usei as mesmas palavras, tive os pensamentos habituais e convivi com os mesmos sentimentos, aqueles que lentamente, sem que dê por isso, se apoderam lentamente e nefastamente do meu ser…
Hoje é mais um desses dias, no qual as nuvens se encontram no céu e não me deixam ver o sol, em que eu precisava de ter coragem para fugir para longe e não olhar para trás mas, mais uma vez, fico subjugada à monotonia do meu dia, dos meus próprios gestos, palavras e sentimentos.

3 comentários:

gandhiano disse...

Toda a rotina monotónica perde o sentido quando a observas de fora e o que vês não é diferente de uma processão de funeral. É como se as pessoas que vão cada dia para o trabalho estivessem a cavar a sua própria cova de terra crua, nua, despida. É como se nada mais houvesse senão a fossa escura de cada dia, a mesma fossa, imutável.

E tu vês isso, tu sentes que nada faz sentido. Vês e sentes porque sabes que pode haver alguma coisa diferente, porque tem que haver algo mais. Tu queres ter mais, não queres ser mais uma na procissão. Não queres ser um robot, um carneiro. Não queres ser mais uma imagem moldada à imagem de tantos outros clones.

A diferença. É isso que te faz sentir triste num dia em que tudo à tua volta parece o mesmo de sempre.

pompino disse...

"a vida é bela, nós é que damos cabo dela..." fócrates? vai alternando o caminho todos os dias de manhã, é simples mas resulta... torna-te alergica, como eu, a isso da roti**...

Luis Fonseca disse...

If your daily life seems poor, do not blame it; blame yourself, tell yourself that you are not a poet enough to call forth its riches; for to the creator there is no poverty and no poor indifferent place.
Rainer Maria Rilke


Não é fácil contrariar a corrente
Quando (quase) tudo e todos “navegam”
Num sentido que não é o teu
Que fazer?!
Como fazer,
Quando por vezes o teu mais difícil adversário
Ès tu mesmo!
Acomodas-te à situação?!
Embarcas na “corrente”?!
Adoptas o “socialmente correcto” ou
Esquizofrenicamente
Refugias-te no teu universo
Excomungando em surdina os fantasmas
Que te assolam na solidão do teu “cantinho” ou
Qual Kamikaze
Entras em rota de colisão
Mergulhando no mar da indiferença
Abatendo o “couraçado” da monotonia.
A escolha é tua!
Changer la vie
Tem os seus custos
Nada fáceis
Deixam mazelas
Nódoas negras
Difíceis de curar
Mas, alguém disse
Viver não é (só) existir.