Olhei em redor, não conseguía descobrir de quem era. Talvez porque ninguém se acusava. Elas estavam sorridentes e as conversas continuavam as mesmas, iguais a tantas outras que em tempos me havia apertado naquele espaço. O chão variava entre o preto e o bordeaux, a mesa redonda de centro combinava com as linhas do sofá. O design estava fantástico e fazia-nos sentir confortáveis. Alguém me perguntou sobre o livro. Eu disse-lhes o título, mas sem grandes esperanças que o fossem ler. Elas diriam que não teriam tempo para esse tipo de leituras. Eu olhei para ela e os seus olhos doces brilhavam.
Não me conseguía concentrar, por mais que tentasse. Ele estava próximo e iria começar com todo o tipo de perguntas. A minha cabeça estava algures que não ali. Aquela fórmula simplesmente não queria fazer parte de mim. Mais uma vez, eu sairia esgotada daquele sítio e com vontade de me isolar ou partir em busca de um lugar distante. Senti que já não o via há muitos anos. Ele olhou para mim e disse, novamente, “a fórmula, vais precisar dela”. Reparei que estava envelhecido e a sua alma tinha algo que eu desconhecia, talvez o mundo que entretanto vivera do qual eu já não fazia parte. Eu sentia-o confuso, esgotado e com um lado bastante obscuro que tentava subtilmente esconder. “A fórmula”, disse ele.
Sem comentários:
Enviar um comentário